Como comentei com vocês, ainda temos muito a falar do Casamento Real. Sem pressa, mas com muito amor. São tantos detalhes que acho que vale à pena explorar cada pedacinho.

E, se por acaso,  já tiverem enjoado do assunto, façam um esforcinho para aproveitar as dicas que o casamento trouxe para vocês: noivos!!!!

Hoje trouxe alguns comentários feitos pela Tainá Frota – super fotógrafa de Brasília. Nos falamos no dia do casamento e achei as considerações dela excelentes! Tudo a ver com quem entende muito bem de luz, ângulos ideais e fotografia profissional. E podem apostar, nisso a Tainá é especialista! Que olhar…!

Vamos lá! Aproveitem as dicas!

“O primeiro casamento televisionado na história foi o da Rainha Elizabeth com o Príncipe Philipp, em novembro de 1947. E a ideia da novidade foi do noivo, como bem apresentando na série The Crown, disponível no Netflix. Mas como na época, a TV ainda era uma luxo para poucos, e a maioria acompanhou a cobertura da BBC pelo rádio.

O casamento de Harry e Meghan Markle no ultimo sábado foi acompanhado por milhões em todo mundo não só pela TV, mas pela internet. Fotógrafos de casamento sempre tem um olhar diferente ao acompanhar a cobertura de um casamento, seja pela televisão ou como convidados. Sempre ficamos de olho para ver aonde os profissionais de imagem estão posicionados e como trabalham.

O primeiro casamento real que acompanhei como profissional foi o da Príncipe William com Kate Middleton. Na época, o que se confirmou também no casamento do último sábado, duas coisas me chamaram muito a atenção: salvos raríssimo e específicos momentos, os fotógrafos e cinegrafistas simplesmente não aparecem, seja em ângulos fechados ou super abertos. E isso só é possível, obviamente, por um estudo prévio de posicionamento de todos os profissionais envolvidos, incluindo cinegrafistas, cerimonialistas, estilistas, decoradores e toda a entourage envolvida. E a ausência de iPhones e iPads nas mãos dos convidados com os braços enfiados no meio da cena também ajuda um monte. Deus bem sabe como os tempos modernos trouxeram desafios para nós fotógrafos, entre eles a necessidade da proximidade física com o casal simplesmente por conta do amontoado de pessoas em cima da situação.

Pois bem, no casamento de Harry e Meghan, houve um pequeno momento de ajuda dela ao sair do carro e depois ela subiu as escadas sozinha, sem nenhum cerimonial segurando nada, apenas os pajens atrás segurando o véu. Havia um pit de fotógrafos em frente à igreja em um estrutura fixa e montada, e outros 03 fotógrafos no canto direito ao pé da escada escondidos atrás de um arranjo, vicieis apenas na chegada dos pajens e damas. And that was it. A noiva caminhou pela nave até o Príncipe Charles e depois até Harry em uma cena limpa, registrada por câmeras laterais suspensas e as frontais também devidamente colocadas. Nada de braços com celulares nas laterais, nada de cinegrafista colado acompanhando o andar da noiva em close físico (desculpem, os colegas do vídeo que trabalham bem e não armam essas presepadas, mas é porque passei por uma dessas outro dia, e estava precisando desabafar kkkk). O mais importante disso é notar como é importante se preservar a cena para que a emoção aconteça e como teria atrapalhado as cenas que presenciamos na TV toda essa movimentação visível.

Mesma coisa vale para a saída de Harry e Meghan para a recepção no fim do dia. Em um vídeo que assisti, ficou claro aonde os fotógrafos estavam posicionados no início, mas depois o vídeo apresenta uma sequência de imagens e ângulos abertos e fechados perfeitos e muito bem orquestrados, sem nenhuma câmera visível.

Outra coisa que me chamou atenção do ponto de vista fotográfico: os desafios do casamento ao meio dia. Muita gente me pergunta porque prefiro fotografar com a luz do final da tarde ao invés da luz do meio dia que é muito mais intensa. “Tem muito mais luz, não é melhor?”. Não, na verdade é péssimo. Primeiro porque a angulação da luz gera aquele efeito de olhos de panda nas pessoas, eles ficam com duas bolinhas pretas. Sem contar que a intensidade, dificulta manter os olhos abertos.

E a intensidade da luz causa outro drama: o desafio da fotometragem perfeita entre o branco do vestido da noiva e o resto da cena, que costuma ser bem mais escuro. O que acontece muito nesses casos, é acontecer como aconteceu no casamento de Harry e Meghan: ao ar livre, na hora da correria de se medir a luz entre claro, escuro, sombra e luz, o vestido da noiva simplesmente “estoura” e perde toda a informação de detalhe do mesmo. E lembrando que estou usando fotos oficiais e não de celular ou feitas por paparazzi. Essas são imagens feitas por pessoas bem posicionadas e treinadas para a situação e mesmo assim, deu ruim.

E dentro da igreja isso também aconteceu de certa forma por conta das luzes laterais vindas das janelas. A noiva ia caminhando ora com luz ora no escuro, ora com luz ora no escuro. O que para se fazer uma foto artística é um prato cheio, e torço para que algum dos fotógrafos oficiais tenha aproveitado essa oportunidade com a devida licença poética,  mas para se registrar o cortejo completo é um grande desafio, sem uso de flash ou qualquer tipo e compensação. Vemos aí outra imagem em que parte do vestido “se perdeu”.

Não a toa a melhor imagem do casal foi a da saída da igreja quando estavam ainda na sombra.

O maior problema dessa perda é na hora da impressão da foto. Essa mancha branca que o vestido se torna fica mais visível e aparente. Como o Givenchy de Meghan era super clean e sem detalhes, talvez esse problema não seja tão aparente, mas imagine se fosse um vestido cheio de rendas, detalhes e bordados? Eles simplesmente teriam desaparecido.

Por isso ao considerar casar na hora do almoço, pense sempre em uma cobertura para conforto do casal e dos convidados e para garantir também uma luz menos intensa.

Fora isso, tudo incrível. As fotos oficiais do casal e da família feitas pelo fotógrafo de moda Alexi Lubomirski (o mesmo que fez os retratos de noivado do casal), são belas. Estou curiosa para saber se ele também fotografou a cerimônia. Mas repare que na foto feita ao ar livre, os noivos foram colocados em uma sombra.

Mas justiça seja feita, em tempo de drone uma das minhas imagens favoritas foi essa aqui. Momento lindo, delicado e inusitado.”

Fotografia: Reprodução| Getty Images.